Os moradores dos oito territórios
quilombolas do município de Oriximiná, na região da Calha Norte do Pará,
estiveram reunidos durante todo o dia 20 de novembro, quarta-feira, para celebrar
a memória do líder quilombola, Zumbi dos Palmares. A programação foi realizada
no Clipper de Santo Antônio e contou com palestras voltadas ao conhecimento dos
oito territórios quilombolas de Oriximiná, educação quilombola, ambiental,
combate à violência, queimadas na Amazônia, infância e juventude, agricultura
sustentável, conflitos agrários, empoderamento feminino, exposição de
artesanato, venda de artigos da gastronomia e cultura quilombola, bem como
apresentações culturais.
O tema da Consciência Negra desde
ano foi “Nós Somos a Amazônia”, ressaltando a preocupação dos povos quilombolas
com as questões ambientais, tema que é trabalhado diariamente nas escolas e em
campanhas promovidas pela Arqmo e associações dos territórios. “O 20 de
novembro é importante não somente pela luta pelos direitos quilombolas, a
titulação das nossas terras é uma vitória, ainda temos territórios nesta luta, a
data vem pela busca contra o racismo, preconceito e pela preservação ambiental,
nossos territórios são ricos em biodiversidade e por isso eles são invadidos, há
a questão das queimadas e neste dia nós estamos aqui para reivindicar das
autoridades os cuidados com nossos territórios”, declarou Ricardo Almeida,
coordenador do território Erepecuru que possui 12 comunidades.
Dentro das lutas dos povos
quilombolas de Oriximiná está o direito a titulação definitiva, dos oito
territórios quilombolas existentes quase à metade ainda aguardam pela
titulação. “Estamos aqui não só para reviver a história de Zumbi dos Palmares,
mas para trazer o histórico das nossas conquistas, e reivindicar as nossas
lutas com foco nos nossos objetivos. O meu território não é todo titulado, e
ele está sobreposto a uma unidade de Conservação, essa é uma luta não é só da
Mãe Domingas mas de todos os territórios quilombolas, ainda temos quatro
território buscando seu título definitivo”, enfatizou Adrienne Silvério dos
Santos, coordenadora do território Alto Trombetas I, que possui seis
comunidades.
Entre palestras e apresentações
culturais a programação do Dia da Consciência Negra seguiu até a madrugada do
21 de novembro, e além das danças tradicionais dos oito territórios quilombolas
de Oriximiná, a festa também contou com a presença do grupo Dandaras, formados
por mulheres de diferentes faixas etárias que lutam pela valorização da mulher
negra, o nome é uma homenagem à princesa africana que lutou junto a Zumbi pela
libertação dos negros escravizados. “A gente precisa de incentivo para ter mais
força, ainda há muita resistência, essa foi a primeira apresentação, fomos
convidadas a dar palestras para escolas do município e o objetivo do grupo é
falar sobre a história da mulher quilombola para que a gente possa conquistar a
nossa valorização e empoderamento”, frisou Gabriela Almeida, coordenadora de
mulheres da Arqmo.
Segundo a coordenadora da Arqmo,
Claudinete Colé, a data do 20 de novembro é uma data para reflexão e valorização
dos povos quilombolas a partir da sua identidade e cultura. “A consciência
negra é aquele momento de a gente comemorar e também fazer uma reflexão desde a
época em que os negros escravizados vieram para o Brasil, de pensar de onde eu
vim? Como foi pra eu chegar aqui neste quilombo? Há toda uma trajetória de luta
do povo quilombola e neste dia da morte de Zumbi a gente reuniu 37 comunidades
quilombolas na sede do município para mostrar para a população quem são os
povos quilombolas, qual a nossa cultura, o que nós fazemos dentro das nossas
comunidades quilombolas”, finalizou.
As ações realizadas pela
Associação das Comunidades Remanescentes de Quilombos do Município de Oriximiná
(Arqmo) e associações quilombolas dos territórios, contam com o apoio da Equipe
de Conservação da Amazônia – Ecam, por meio do Eixo Quilombolas desenvolvido no
Programa Territórios Sustentáveis e tem por objetivo contribuir com o fortalecimento
institucional das associações de modo a promover o empoderamento dos povos
quilombolas..
Por Martha Costa – Assessora de
Comunicação da Ecam.